O Caminho dos Deuses

Shinto (神道, Xintoísmo em Português) ou Kami-no-michi significa o Caminho dos Deuses. É uma tradução pobre e complicada, pois não existe aqui uma conotação com os deuses ocidentais. Eles não estão falando sobre uma força (ou forças) superior que criou a tudo e a todos. Eles não estão falando sobre a antropomorfização de aspectos ou qualidades humanas, virtudes ou vícios como em várias mitologias. Shinto, considerado por muitos como uma religião nativa do Japão, é sobre as forças na natureza, sobre deuses que não estão necessariamente preocupados com a mundana vida humana.

Como percebe Joy Hendry, a palavra Shinto foi adotada em confronto com outras religiões, tal como Budismo ou Cristianismo. Isso significa que Shinto não era e não é considerado uma religião formal, com um conjunto completo de dogmas, mesmo antes da chegada do Budismo no Japão. Em contato com religiões externas, foi um período oportuno para adotar um nome e estabelecer alguns frouxos formalismos que nós conhecemos hoje como Shinto, criando algumas fronteiras importantes que foram ativadas ou recuperadas durante o Período Meiji.

Diferente do Budismo, que determina espaços específicos para a prática religiosa, o Xintoísmo venera aspectos da natureza, como montanhas, árvores, florestas, pedras, rios, etc. Apesar de alguns santuários xintoístas terem suas áreas demarcadas por cercas e muros, eles não podem ser confinados por barreiras artificiais humanas. Como exemplos, posso apontar o Monte Fuji ou mesmo as rochas que simbolizam Izanagi e Izanami.

Uma das mais fascinantes diferenças do Xintoísmo e do Cristianismo é que temos as Igrejas como espaços sagrados que nos conectam com Ele, enquanto que nos santuários xintoístas nós estamos quase sempre na presença dos deuses. Sim, eles estão lá.

Shimenawa, Atsuta Jingu, Nagoya
Shimenawa, Atsuta Jingu, Nagoya

Estas fotos foram tiradas no Santuário Atsuta, dedicado à veneração de Atsuta-no-Okami. Ao lado do Grande Santuário de Ise, o Santuário Atsuta em Nagoya abriga Kusanagi-no-Tsurugi (草薙の剣), uma espada japonesa lendária e uma das três regalias imperiais do Japão. O Santuário Atsuta ainda abriga mais de 4000 relíquias, incluindo 174 itens de Patrimônio Cultural do país.

O museu do Santuário Atsuta no Bunkaden preserva e mantém uma variedade de material histórico, incluindo trajes sagrados e utensílios para o uso das divindades. Um número de espadas doadas, espelhos e outros objetos são mantidos pelo santuário.

Victor Hugo Kebbe

Deixe um comentário

Preencha os seus dados abaixo ou clique em um ícone para log in:

Logo do WordPress.com

Você está comentando utilizando sua conta WordPress.com. Sair /  Alterar )

Imagem do Twitter

Você está comentando utilizando sua conta Twitter. Sair /  Alterar )

Foto do Facebook

Você está comentando utilizando sua conta Facebook. Sair /  Alterar )

Conectando a %s